Na série Vestígios, as imagens foram obtidas de caminhadas diárias. O ato de caminhar, apesar de comum, foi se tornando uma experiência singular, na medida em que percebia que o exercício da repetição de passar sempre pelo mesmo caminho por anos, fazia com que o lugar ganhasse rastros e manchas particulares, que me levaram a questionar sobre o registro invisível em cada uma das imagens de pedras que estruturam o projeto. Por isso cada imagem está ao mesmo tempo inserida em seu contexto urbano e deslocada de seu lugar de origem. São pedras que foram sendo modificadas pelas intempéries e uso deixando vestígios de um corpo que passou por cima desse chão e se viu projetado por ele. De modo que a obra atravessa experiências ligadas a sublimação do objeto, diante da perda do seu uso original.
Observação: esta obra foi apresentada no CAC W – Centro de Arte Contemporânea W em Ribeirão Preto (SP) em 2018. Esta foi a segunda montagem do trabalho. A primeira foi em Sorocaba (SP), em coletiva em espaço independente de arte, em 2017. A exposição no CAC acompanhou um texto escrito pela artista e distribuído impresso para o público visitante.